Dotun Popoola, o famoso artista nigeriano cujas esculturas metálicas sinérgicas são admiradas em todo o mundo, apelou na quinta-feira, em Marraquexe, aos bancos, aos investidores e ao setor privado para que lhe deem o seu apoio, de modo a que ele possa ajudar outros jovens artistas africanos promissores a tirar o máximo partido da sua criatividade artística para ganhar a vida no continente.
O artista nigeriano esteve presente nos Market Days do Fórum Africano de Investimento em África, uma plataforma única fundada pelo Banco Africano de Desenvolvimento e sete parceiros que reúne investidores (privados, institucionais, etc.) com promotores de projetos governamentais e privados. O fórum realiza-se de 8 a 10 de novembro de 2023 em Marraquexe, Marrocos.
Dotun Popoola, fundador do Popoola Studio, explica como desenvolve a economia da reciclagem através das suas criações. "Waste To Wealth" é a sua imagem de marca, pois este artista transforma sucata e lixo em tesouros, reutilizando resíduos que ameaçam o ecossistema.
"O lixo de um homem é o tesouro de outro... Estou a desenvolver a economia da reciclagem", explica Popoola, que fundou um museu de resíduos na Nigéria que "funciona muito bem".
Um mercado crescente para a arte africana
África tem um enorme mercado de arte que está a crescer e precisa de mais investimento. "Os homens de negócios estão a moldar o mercado da arte", disse Popoola aos investidores, banqueiros e investidores institucionais que assistiram à sua apresentação, admirando as imagens das suas obras projetadas no ecrã.
"Há muita gente nos leilões. Precisamos de espaços normalizados em África", defende.
O seu principal desafio é continuar a formar jovens artistas africanos para que possam ganhar a vida e ficar no continente, em vez de seguirem o caminho incerto e tortuoso da emigração. "África é uma mina de ouro. Infelizmente, há uma fuga de cérebros. Tenho um amigo que deixou o país e agora fabrica componentes para motores de aviões noutro lugar. O mercado da arte tem um potencial em África que é frequentemente ignorado. Precisamos de o desenterrar", continua.
"A tutoria é sempre importante para mim e, naturalmente, tento partilhar os meus conhecimentos. África tem artistas que sabem criar. Não custa nada, poupa o ambiente e permite que os jovens ganhem a vida. Já formei 300 ou 400 pessoas... Gostaria de ver mil Popoolas no Quénia, no Uganda e em toda a África. Se eu formar jovens nesta arte, tenho a certeza que eles serão capazes de criar riqueza para os seus próprios países. Imaginem se houvesse mil nigerianos a fazer isto, não só limparia o ambiente como também criaria emprego", diz o artista. As suas obras são conhecidas em todo o mundo, do Dubai a Nova Iorque e Tóquio, passando por Lagos e Bombaim.
Popoola disse aos muitos investidores, banqueiros e instituições presentes no Fórum Africano de Investimento de 2023: "Há muitos jovens africanos que estão a produzir muito bem. É uma viagem muito longa. Não o posso fazer sozinho. Preciso do vosso apoio para elevar o nível de África. Preciso de bancos, investidores e parceiros para continuar a sonhar".