• 15 mil milhões de dólares em negócios já criados
• Dentro de cinco anos, o capital privado em África será mais atrativo do que noutros mercados emergentes
• África tem as taxas de incumprimento em infra-estruturas mais baixas do mundo - Moody's Analytics
O Fórum Africano de Investimento iniciou os seus Market Days de 2024 em Rabat, Marrocos, com os líderes a destacarem a capacidade de financiamento do continente e a sua prontidão para o investimento.
Nas suas palavras de boas-vindas, a Ministra da Economia e das Finanças de Marrocos, Nadia Fettah Alaoui, disse aos mais de 1.000 delegados que o Fórum deste ano era um momento crítico para a criação de uma África próspera: “A tão esperada ascensão do nosso continente assenta na garantia de financiamento e temos de agir coletivamente para o conseguir”.
A ministra sublinhou ainda: “Estou profundamente convencida de que o Fórum Africano de Investimento 2024 será uma oportunidade privilegiada para enriquecer a nossa reflexão comum e explorar soluções inovadoras para desafios persistentes, ao mesmo tempo que reforça as fortes parcerias para tornar as nossas aspirações uma realidade”.
O presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, Dr. Akinwumi Adesina, presidente do Fórum Africano de Investimento, disse que o capital deve ser implantado para atender às oportunidades. “Estou plenamente convencido de que o desenvolvimento acelerado de África exige uma maior mobilização de capital privado”, afirmou.
Sob o tema “Alavancar parcerias inovadoras para aumentar a escala” o evento Market Days deste ano reúne mais de 500 líderes empresariais e PMEs para discutir por que razão África, com 39% da população mundial com menos de 20 anos e um mercado de 2,5 mil milhões de consumidores até 2050, é o lugar para investir hoje e no futuro.
Adesina anunciou que 15 mil milhões de dólares em negócios já foram originados este ano, com 41 boardrooms prontas para discussões de acompanhamento sobre diversas oportunidades de investimento em África, abrangendo minas, água e saneamento, alimentação e agricultura, energias renováveis e transportes e portos marítimos.
“O tema deste Fórum Africano de Investimento é a alavancagem à escala. É sobre como fazer as coisas acontecerem em grande escala para África”, disse Adesina. “África não tem tempo para investimentos à Mickey Mouse, precisamos de investimento à escala. Temos de criar espaço para que o capital seja utilizado para responder às oportunidades em África. No Fórum Africano de Investimento, este é o princípio orientador que nos uniu como membros fundadores”, acrescentou.
O fórum é uma iniciativa de nove instituições financeiras de desenvolvimento – o Banco Africano de Desenvolvimento, o Africa50, o Afreximbank, o Banco de Desenvolvimento da África Austral, o Banco Islâmico de Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento, o Banco de Comércio e Desenvolvimento, a Sociedade FInanceira Africana e o Banco Árabe para o Desenvolvimento Económico em África.
Um excelente exemplo da parceria de colaboração entre os parceiros fundadores do Fórum é o Corredor do Lobito em Angola, um projeto de infraestruturas no valor de 10 mil milhões de dólares que inclui desenvolvimentos ferroviários, rodoviários, pontes, telecomunicações, energia e agroindústria. Os principais parceiros do projeto incluem o Banco Africano de Desenvolvimento, que se comprometeu com cerca de 500 milhões de dólares, a Corporação Financeira Africana, que atua como promotor geral do projeto, e o Banco de Desenvolvimento da África Austral, que lidera a primeira fase do projeto. O corredor criará milhares de postos de trabalho e facilitará a integração regional em Angola, na República Democrática do Congo e na Zâmbia. Os Estados Unidos e a Comissão Europeia estão entre os parceiros globais que assinaram um Memorando de Entendimento em outubro de 2023 para mobilizar recursos para o Corredor do Lobito.
Destacando o potencial mineral de África, o Presidente da Comissão Europeia referiu que o continente possui 90% da platina mundial, 95% do crómio e dois terços do cobalto mundial.
“Com 30% do lítio mundial, África é uma parte fundamental do mercado dos veículos elétricos. Este mercado de 7 biliões de dólares crescerá para 59 biliões de dólares até 2050. Com investimentos estratégicos, África pode tornar-se um grande centro energético para o mundo”, acrescentou.
Citando um inquérito a gestores de ativos, Adesina revelou que 85% dos gestores esperam aumentar a afetação de capital privado a África, enquanto 52% prevêem que o capital privado de África se torne mais atrativo nos próximos cinco anos.
“A nossa atenção centra-se num triplo mandato, para fazer avançar projetos de grande impacto até ao financiamento, angariar capital e acelerar a conclusão de negócios. Ao concentrar-se na facilitação do investimento para África, o Fórum Africano de Investimento tornou-se a principal plataforma de investimento para o continente”, afirmou Adesina.
Desde a sua criação em 2018, o Fórum Africano de Investimento gerou 180 mil milhões de dólares de interesses de investidores e fechou transacções no valor de 30 mil milhões de dólares.
Durante um painel de discussão, representantes dos parceiros fundadores partilharam casos práticos de projetos em que as suas respetivas instituições se envolveram através de parcerias com entidades privadas e governos.
Com os três Market Days já em andamento, o grito de Adesina continua a ressoar:
““África pode ser financiada - que comecem os negócios!”
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